Para o Grêmio voltar a ser o Grêmio

Foto: Roberto Candia, AP

O Grêmio perdeu a esperança de ser tricampeão da Libertadores 2011 ainda no Olímpico. O próprio técnico Renato Portaluppi admitiu isso após a derrota para o Universidad Católica/CHI. O 2×1 conquistado pelos chilenos deixou o Grêmio com uma missão praticamente impossível: vencer fora de casa (o que ainda não havia feito na competição), mesmo com apenas 16 jogadores disponíveis, quase todos reservas.

A apatia e a deficiência técnica mostrada pelo elenco gremista ao longo da competição acabaram ficando ainda mais evidentes na despedida do tricolor. Não há uma atuação em 2011 que encha os olhos do torcedor e façam o time crer num futuro vitorioso. O Grêmio venceu enquanto pôde, lutou enquanto pôde, mas todos sabíamos que haveria um ponto final e que ele não iria demorar a chegar. A fragilidade do Grêmio nos últimos jogos fez com que o torcedor fosse perdendo as esperanças pouco a pouco.

O que não pode é ficar como está. O Grêmio precisa, mais uma vez, reerguer-se e voltar a ser o Grêmio. Há muita coisa que precisa ser revista, principalmente no planejamento.

Primeiramente, o elenco precisa de reforços. Em TODOS os setores. Defesa, meio e ataque são frágeis e contam praticamente apenas com titulares. Não há reservas que nos deixem totalmente tranquilos caso um de nossos titulares não possa jogar.

DEFESA – Rafael Marques tem perdido espaço, ainda que seja o “zagueiro artilheiro” do Grêmio. Suas últimas atuações foram deprimentes e comprometedoras. Rodolfo está indo pelo mesmo caminho. Quem pode aparecer na função é Vilson que, na última quarta, assumiu a vaga deixada por Rafael e melhorou razoavelmente o setor. Um ou dois zagueiros deveriam ser contratados;

LATERAIS – com Gilson na lateral, não se pode esperar que um time seja campeão. Nem do Gauchão. Collaço ainda é uma incerteza, assim como Neuton. Na direita, resta torcer para que Gabriel retome suas boas atuações que sumiram de uns tempos pra cá (há quem diga que o impasse da renovação esteja interferindo no seu rendimento). Pode-se aguardar também a volta de Edílson, que fez boas atuações antes da lesão, e novas oportunidades para Mário Fernandes, que não mostra bom desempenho na zaga, mas como lateral tem cumprido bem a função.

MEIO – a volância até que não é o pior problema do Grêmio. Problema é quando Adílson inventa de querer resolver tudo sozinho ou Rochemback não está num bom dia. Aí o time desanda e o meio não progride. Não vejo Fernando como um jogador apto a assumir a função, pelo menos neste momento;

ATAQUE – um grande dilema. Borges não vive bom momento, André Lima está lesionado, Leandro é uma revelação que oscila e Lins, Viçosa e Clementino não são opções que se apresentem para um título expressivo. Talvez para reserva do reserva, no máximo.

A grande questão é se a direção gremista vai atender aos pedidos de Renato e do torcedor e reforçar o plantel para o Brasileirão. A propósito: reforçar com QUALIDADE, não com quantidade.

É preciso mudar também o pensamento da diretoria e de alguns torcedores de que a imortalidade é a saída para qualquer problema, que a Arena do Grêmio vai camuflar maus resultados e que o torcedor deverá confiar sempre, mesmo que em campo as coisas não saiam como se espera. Lesões também precisam ser evitadas, afinal o Grêmio tem quase um time inteiro no departamento médico.

Para ir bem no Brasileirão, é preciso que o Grêmio volte a ser o Grêmio.