Puma deve mesmo permanecer até 2014

O assunto que ganhou certa repercussão nos últimos dias foi a possibilidade do Grêmio contar com a Nike como nova fornecedora  de material esportivo a partir de 2011. A notícia surgiu numa coluna do jornalista Luiz Zini Pires, no jornal Zero Hora, no começo deste mês. Questionado a respeito o colunista disse que futura diretoria está desconfortável com a Puma e existe uma aproximação com a Nike.

O possível desejo da fabricante americana faz sentido. Fora a seleção brasileira, o Corinthians é o único clube que conta com seus serviços, após um fim de vínculo conturbado com o Flamengo. No Grêmio, a Nike voltaria a ganhar força em gramados nacionais, abria porta para o mercado consumidor do Sul do Brasil. Por sua vez, a futura direção também vê na fabricante um elo interessante para o clube.

A Nike não é a minha favorita, aliás, sonho com a Adidas ou até mesmo a Olympikus novamente fazendo o fardamento tricolor. Apesar disso, poderia me contentar com a Nike no lugar da Puma. Todavia, é preciso analisar friamente o caso, ir além do gosto pessoal. Também torna-se necessário ser realista.

O contrato entre Puma e Grêmio foi renovado até 2014 no ano passado. Então, para que a Nike assumisse o material gremista, seria necessário pagar uma multa rescisória. Aí que o primeiro pinta o primeiro problema. De acordo com a coluna do Zini desta terça-feira (19), na Zero Hora, a rescisão com a fabricante alemã seria de R$ 32 milhões. O valor pode ser estranho, mas levando-se em conta que o Grêmio recebe R$ 7 milhões por ano até 2014, esse seria um valor aproximado do total que o clube receberia até o final do contrato.

Mesmo que o valor não seja tão elevado, um rompimento unilateral sempre é muito difícil. A própria relação entre Nike e Flamengo mostrou isso, fazendo com que o clube carioca recuasse e tivesse que cumprir com contrato até o final de sua vigência. Uma vez tendo como vitrine apenas um clube do Brasil, será que a Puma estaria interessada em romper com o Grêmio? Pouco provável. Outro fator é que o clube já tem um adiantamento financeiro dada pela fabricante, outra razão para não crer no rompimento.

Portanto, gostem ou não, o torcedor gremista deve se acostumar com a ideia de contar com a Puma até 2014. Péssimo? Nem tanto. A fabricante alemã errou, mas também obteve acertos. Está provado que é necessário variar a camisa de uma temporada para outra, caso contrário esta não venderá conforme o desejado. Portanto, a Puma deve mudar a camisa gremista a cada ano.

Mas a própria Puma também provou que pode fazer algo diferente e ao mesmo tempo aceitável. A camisa de 2005 não é um modelo tradicional, mas teve um dos desenhos mais bonitos numa camisa do Grêmio, eleita pela Revista Monet como a mais bonita do planeta. Por essa razão, não precisa ser apenas tradicional para dar certo.

O clube pode aceitar variação no tom azul, seja este mais escuro (como na camisa de 2009 para o Brasileirão) ou mais claro (exemplo da camisa de 2009 para Libertadores), assim como no tamanho das listras (mais extensas como a de 2005 ou mais finas como a de 2008). Dentro dessas mudanças, não vejo problema algum.

O que se deve exigir da Puma é equilíbrio entre o azul e o preto, com listras do mesmo tamanho, uma característica que ocorreu nas camisas de 2007 e 2010. Também não pode aceitar um modelo cujas listras não tenham continuidade e com extravagância, como as “antetinhas”, exemplo da camisa 2009. Se a Puma aceitar essas condições, não vejo nada demais a fabricante fazer os uniformes do Grêmio até 2014.